Católicos e evangélicos representam mais de 80% do eleitorado brasileiro, por isso, a importância do voto cristão.
O levantamento Datafolha dessa quinta-feira, 26, mostra que (54%) dos católicos consultados confirmaram a intenção de voto em Lula contra (23%) em Bolsonaro. Até aí tudo bem, apesar da ampla diferença de (31%). O que realmente me chama a atenção é a pouca vantagem de Bolsonaro quando se trata das intenções de voto dos evangélicos. De acordo com a pesquisa (39%) declararam voto no atual presidente e (36%), em Lula. Em 2018, Bolsonaro foi eleito com (60%) dos votos dos convertidos. Com o futuro confronto de pautas progressistas e conservadoras, este número tende a melhorar em prol de Bolsonaro.
Porém, diante de tantas benesses e afagos já concedidos aos convertidos como a indicação de um “terrivelmente evangélico” ao Supremo Tribunal Federal (STF), trânsito livre no MEC e suspeita de influência na indicação de verbas da Educação, além de vãs invocações do santo nome de Deus a todo momento, era esperado que Bolsonaro tivesse uma vantagem maior.
Na prática, isto mostra que a estratégia de afagos a pastores midiáticos não necessariamente reflete um direcionamento em massa de votos evangélicos, dado a mudança da pauta principal da eleição deste ano que é a economia e a grande fragmentação que há entre as principais lideranças evangélicas, que se reflete nos inúmeros templos em uma mesma rua.
Por outro lado, diferentemente do que possa parecer numa análise superficial, entre os católicos há uma unidade maior na prática, uma vez que as lideranças não são fragmentadas, tampouco, competem entre si.
Cabe aqui lembrar a grande repercussão da declaração do Arcebispo de Aparecida Dom Orlando Brandes, durante a missa solene de 12 de outubro de 2021, no Santuário Nacional que ecoou em praticamente todo clero católico.
Sem citar nominalmente o presidente Jair Bolsonaro, Dom Orlando, durante o sermão no dia da Festa da Rainha e Padroeira do Brasil, fez uma contundente crítica ao atual governo. Na oportunidade, o recorte da grande imprensa concentrou-se mais na questão do armamento, porém, quando transcrita na íntegra, nos dá maior dimensão do contexto mais amplo exposto pelo arcebispo.
“Vamos abraçar nossos pobres e abraçamos também nossas autoridades para que juntos construamos, então, um Brasil pátria amada. E para ser pátria amada não pode ser pátria armada...” Após caloroso aplauso dos devotos presentes, o arcebispo continua. “...Para ser pátria amada, seja uma pátria sem ódio. Para ser pátria amada, uma pátria, uma república sem mentiras, sem fake news. Pátria amada sem corrupção. E pátria amada com fraternidade. ‘Fratelli Tutti’. Todos os irmãos construindo a grande família brasileira”.
‘Fratelli Tutti’ é uma referência à Encíclica do Santo Padre Francisco de três de outubro de 2020 sobre Fraternidade e Amizade, onde em um de seus capítulos fala sobre as religiões a serviço da fraternidade, abordando o papel das religiões na construção do caminho do diálogo visando a fraternidade.
Obviamente que a eleição deste ano não se trata de uma disputa entre credos, e que evangélicos, católicos e de outras religiões, além de questões morais e conceitos religiosos, definem seus votos baseados no conjunto de coisas, onde a economia tem papel preponderante no cenário atual.
Ederson Santos
Jornalismo construtivo
@EderFS
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